Fraternidade São Nicolau
18 de dez de 20202 min
Bois-Aubry , 18 dezembro 2020
Amados filhos e filhas,
Ao preparar para vocês as poucas palavras que lhes dirijo todos os anos por ocasião da festa da Natividade do Salvador, estou relendo nestes dias alguns sermões dos padres... "Como disse a mim mesmo, na situação sem precedentes que vivemos, podem os santos padres nos ensinar, ajudar-nos a suportar o isolamento, a solidão que nos é imposta, aliviar nossas ansiedades, nosso medo do contágio, das doenças? "
Em meio a essa questão, vêm à mente vários textos que convido a ponderar:
O primeiro é tirado de um sermão para o Advento e Natal de São Bernardo de Claraval sobre a "Estrela do Mar", ou dos Magos: « Ó vocês que flutuam nas águas agitadas do vasto mar, e que vagueiam ao invés de avançar em meio a trovoadas e tempestades, olhe para esta estrela, fixe seus olhos nela... »
A segunda é de Mestre Eckhart, meditando sobre a encarnação do Verbo: « Deus é levado à loucura por seu amor por nós, assim como se ele se esquecesse dos reinos do céu e da terra e toda a sua bem-aventurança, e toda a sua divindade, e não tivesse nada a ver a não ser comigo, para me dar tudo o que pode me consolar. E ele dá para mim totalmente, e dá para mim perfeitamente, e dá para mim com mais clareza, e dá o tempo todo, e dá para todas as criaturas. »
Esses dois textos me levam a considerar melhor a importância, a energia e a verdade das palavras da Escritura, muitas vezes enfraquecidas pela força do hábito, que cantamos a cada ano:
"Espalhe, ó céus, o teu orvalho e nuvens, chove sobre os justos... que se abra a terra e germine a salvação...".
"Não tema! Anuncio-vos uma grande alegria para todo o povo: hoje nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor... ”
"Deus, antes dos séculos, para nós se tornou uma pequena criança..."
Estas palavras são dirigidas a cada um de nós! Apesar de dois mil anos de distância nós, contemporâneos de Isaías filho de Amós e os pastores de Belém...
Mais uma vez, por esta situação excepcional de pandemia, o Senhor nos convida a viver este paradoxo divino: isolemo-nos para melhor nos amarmos, afastemo-nos para nos unirmos melhor... com Ele... e com o nosso próximo, em seu corpo místico que é a Igreja.
A todos vocês, quer estejam reunidos ao redor do altar de Deus, reunidos em família ou isolados em suas casas, desejo um santo e feliz Natal ... e invoco a bênção de Deus sobre todos vocês
o Pai, a Palavra e o Espírito Santo.
+ Grégoire