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4º Domingo após o Pentecostes

A Pesca Milagrosa



PRAELEGENDUM (Sl. 26,1-3)

É o Senhor que me ilumina e me salva; de quem eu tenho medo? É Ele quem defende a minha vida; quem me fará tremer? Quando meus inimigos me atacam, são eles que cambaleiam e são derrubados.

Mesmo que seu exército venha me cercar,

Eu não vou desanimar.



HINO

Na glória do teu rosto contemplamos,

Jesus, Filho unigênito de Deus,

A beleza divina que floresce

Nas moradas eternas lá dos Céus.


Se a luz da eterna vida que pregaste

As trevas deste mundo recusaram,

Dá, Deus benigno, a tua plenitude

Àqueles que em Ti creram e Te amaram.


Companheiro do homem peregrino,

Através dos perigos desta vida,

Conduz os nossos passos, sempre firmes,

A caminho da Terra Prometida.


Louvor e glória a Ti, ó Pai celeste,

E ao Filho, tua imagem e esplendor,

E ao Espírito, do Pai procedente:

Ambos unindo num eterno amor.



📖 EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Lucas 5, 1-11

Naquele tempo, comprimindo-se as multidões em volta dele para ouvir a palavra de Deus, Jesus estava junto do lago de Genesaré. Viu duas barcas que estacionavam à borda do lago; os pescadores tinham saído, e lavavam as redes. Entrando numa destas barcas, que era a de Simão, rogou-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois, estando sentado, ensinava o povo da barca. Quando acabou de falar, disse a Simão: "Faz-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar." Respondeu Simão: "Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhamos nada; porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede." Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede rompia-se. Então fizeram sinal aos companheiros, que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram, e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam. Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador" Porque tanto ele como todos os que se encontravam com ele ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que tinham feito. O mesmo tinha acontecido a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: "Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens." Trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram-no.


Te louvamos, Senhor!


A Pesca Milagrosa e a Vocação de São Pedro, século VI, mosaico, Santo Apolinário Novo, Ravena, Itália.

😉 HOMILIA para o Domingo da Pesca Milagrosa

Mons. Jonas, bispo exarca

Manaus, Amazonas


Neste 4º Domingo depois de Pentecostes, ouvimos de novo, como um refrão, o apelo para deixar tudo e seguir Jesus. Ouvimos no finalzinho Evangelho de hoje que os discípulos “deixando tudo, seguiram-no [Jesus]”. Nunca sentimos esse chamado em nossos corações? Quanta vontade de ser discípulo de Jesus, de viver como Ele e com Ele! Este chamado (vocação) não é apenas um apelo externo; é um desejo do nosso coração, uma prova interior de que existe vida real, existe um sentido sublime para a nossa vida: felicidade, paz, confiança e sobretudo a doçura do amor.


Eu também quero ser cristão, disseram alguns pagãos, vendo como os cristãos são felizes e até vendo a alegria dos mártires. Eu também quero ser um discípulo, quero fazer parte do círculo de amigos do Senhor. Eu quero segui-lo para estar com Ele todos os dias da minha vida.


Jesus não é qualquer mestre

Mas não vamos à escola de Jesus como qualquer outro mestre. Jesus nos ensina com a própria vida. Ele veio ensinar e mostrar como a vida deve ser vivida, porque Ele é a Palavra divina, a Palavra em pessoa. Jesus é Mestre, Rabino, Professor... Ele ensina à todas as pessoas a vontade do Pai; Ele põe em suas bocas um pedaço do pão essencial e diário da palavra do Pai; Ele faz de seus ouvidos uma boca para comer e beber suas próprias palavras. Nenhum homem ou mulher, nenhum profeta, nenhum guru, nenhum rabino, nenhum professor espiritual jamais falou como Ele fala, pois Ele fala com o poder do Espírito que habita em si. Ele fala com palavras e fala com ações, multiplica os peixes do mar ou acalma o mar com uma só palavra. Nenhum fazedor de milagres, nenhum mágico jamais fez as obras que Jesus fez.


O Evangelho nos convida a seguir Jesus. Não a seguir pensamentos humanos, passageiros e enganosos, nenhum grande iniciado, nenhum estudioso da terra, do ar, do fogo ou da água; nem seguir qualquer líder que se diz cheio de poderes, carismático, agitador político, falso messias ou líder de multidão.


Seguir Jesus exige compromisso consigo mesmo, com Ele e com o próximo. Com o seu Reino, com a sua mensagem, com o seu exemplo de vida.


Confiança e espanto

Todas as ciências, todos os poderes, todas as doutrinas, todos os dons, todas as teologias, todos os comentários e as exegeses das grandes escolas judaicas, gregas ou cristãs - tudo isso, como o próprio sol, empalidece diante da própria Pessoa da Palavra que, com o Pai e o Espírito, criou o céu e a terra e tudo o que eles contém. Impressionante e surpreendente é sua única presença; avassaladora é cada palavra de sua boca divina. Os discípulos "ficaram perplexos", atônitos, mudos diante da Palavra criadora; profundamente conscientes de sua condição diante da santidade do três vezes Santo: "Retira-te (afasta-te) de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador!"


"Santo Deus! Santo Forte! Santo Imortal! Tem misericórdia de mim, pecador!"


Não tenhamos medo, não nos preocupemos, falemos com Jesus no segredo do nosso coração; sigamo-Lo, sejamos seu discípulo, consagremos o nosso coração e a nossa vida Àquele que faz novas todas as coisas.


A Ele seja a glória pelos séculos, amém.



🙋🏽‍♂️ Diz-nos, nosso amado bispo, São Jean de Saint-Denis:


A oração coloca o homem na consciência brutal das coisas objetivas. Tomemos a oração mais simples, a do Nome de Jesus: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim”. Vamos colocar isso na nossa frente.


“Tem misericórdia de mim”: o eu mental imediatamente exclama: “Mas é egoísmo - Por que não dizer: tem misericórdia de nós? Por que desejar minha salvação, meu perdão, sem incluir os outros? Ou então pensará: "Sim, sou pecador, mas não preciso de piedade". O pecador sente a ferida da autoestima causada pelo pecado mais do que o desejo da misericórdia divina. Os Padres conhecem essa atitude entre seus penitentes. Estes últimos são especialmente atingidos por faltas que afetam sua dignidade e prestam pouca atenção aos pecados reais. Os Pais espirituais às vezes pedem que os pecados sejam escritos, e os penitentes quase sempre ficam profundamente surpresos ao ver um pecado que dificilmente consideram sério. É o que fará São Paulo dizer: "Não julgo ninguém, mas vós não vos julgais, porque não podeis".


A oração paciente nos força a nos objetivar. Estas seis palavras: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”, em primeiro lugar serão estranhas. Talvez uma dessas palavras nos toque, mas não expressará a totalidade da oração. Algumas almas gostariam de repetir: "Tende piedade". Outros sentirão uma certa alegria em dizer o Nome de Jesus novamente, mas a oração em si deve ir além dos estados da alma.


Jean de Saint-Denis [Eugraph Kovalevsky]. Technique de la Prière: Premier cours de la Technique de la Prière de l'évêque Jean. Les Éditions de Forgeville, 2015.



🙏 ORAÇÃO

(Cf. a Oração da Coleta da Divina Liturgia Galicana)


Senhor Jesus, Pescador de nossas almas, que realizas as obras de teu Pai e nosso Pai, dai fecundidade às nossas ações, nossas vigílias e nossas orações. Conceda-nos a iluminação de sua revelação.

Nesta demonstração do teu poder conduziremos os nossos corações e os dos nossos irmãos ao louvor do teu bendito Nome com o do Pai e do Espírito Santo, a quem seja glória, honra e adoração para todo o sempre. Amém.



😇 SANTOS do dia


Santo Anatólio, bispo de Laodicéia (+282)

Anatólio de Laodicéia, de origem alexandrina, distinguiu-se entre seus concidadãos por sua cultura literária, filosófica e científica. Em particular, ele é creditado por ter salvado uma parte considerável de seus concidadãos dos rigores do cerco colocado pelos romanos, provavelmente em 263, no distrito portuário de Alexandria chamado Bruchio (Bruchium). Pouco depois, talvez porque comprometido naquele episódio militar, mudou-se para a Palestina e colocou-se a serviço do bispo de Cesaréia, Teotecno, que o nomeou bispo e o escolheu como seu coadjutor. Por ocasião do segundo Concílio reunido em Antioquia em 268 contra Paulo de Samósata, Anatólio passou por Laodicéia. Eusébio, seu compatriota e amigo, além de companheiro no caso Bruchio, era bispo aqui há alguns anos, desde 264, que faleceu recentemente. E pelo carinho que traziam ao falecido e pela fama que já gozava Anatólio, os habitantes de Laodicéia obrigaram o santo a aceitar o governo de sua igreja. Não sabemos como Anatólio passou seu episcopado, nem quando morreu. Segundo Eusébio, que repassa as poucas informações que temos sobre sua vida, um compêndio de Páscoa e dez livros de aritmética são atribuídos a Anatólio. Alguns fragmentos deste último permanecem, enquanto a autoria do 'Liber Anatolii de ratione paschali', publicado pela primeira vez por Boucher em 1634, é discutida.

Em Laodicéia, na Síria, comemoração de Santo Anatólio, bispo, que deixou escritos dignos de admiração não só para os homens de fé, mas também para os filósofos.


Fonte: Santi e Beati.


São Galo, bispo de Clermont (+553)

São Galo nasceu por volta do ano 489, em Clermont, em Auvergne, de uma das famílias mais ilustres do país. Para fugir às obsessões do pai, que o queria lançar no caminho das honras e obrigá-lo a casar, decidiu fugir da casa paterna e dirigiu-se ao mosteiro vizinho, onde, no entanto, só foi aceito após o consentimento do seu pai, que acabou se submetendo ao sacrifício dizendo: "Seja feita a vontade de Deus, e não a minha". O novo monge marchava rapidamente pelo caminho da perfeição, e não se sabia o que admirar mais nele, sua inocência ou sua austeridade. A oração era seu deleite; ele tinha um gosto especial por cantar louvores divinos.

A fama do jovem chegou aos ouvidos do rei Thierry, que o uniu à sua pessoa, quando ainda era apenas diácono. Com a morte do bispo de Clermont, o santo monge foi eleito para sucedê-lo. Recebeu o sacerdócio e a consagração episcopal. As virtudes deslumbrantes do novo pároco, sua doçura, sua humildade, sua caridade paterna, logo conquistaram a afeição geral por ele.

Entre todas as suas virtudes, havia razão para notar uma paciência verdadeiramente admirável. Um de seus sacerdotes, a quem ele justamente repreendeu, um dia se atreveu a golpeá-lo na cabeça; o bom bispo contentou-se em olhá-lo com compaixão e sem lhe dirigir nenhuma censura. Em outra ocasião, um padre o atacou com insultos em praça pública; o santo lhe respondeu com silêncio, e o culpado logo veio pedir-lhe perdão publicamente.

Deus deu à santidade do bispo o testemunho de milagres. Um grande incêndio ameaçou devorar grande parte da cidade; o bispo foi rezar diante do altar, pegou o livro dos Evangelhos na mão e jogou-o nas chamas, que se extinguiram imediatamente. Ele preservou Clermont de qualquer acidente, por suas orações, durante um terremoto; em tempo de pestilência ele também obteve a preservação de seu povo.

O santo bispo deu, ao morrer, os melhores exemplos de resignação. Um grande número de milagres aconteceu em seu túmulo. Ele é invocado contra a febre.


Fonte: Abbé L. Jaud, Vida dos Santos para todos os dias do ano , Tours, Mame, 1950.


São Gutierno em um vitral na capela Notre-Dame-de-Plasmanec em Groix.

São Gutierno, eremita em Quimperlé, País de Gales (580)

Ele era do País de Gales. Filho de um dos reis bretões de Cambria, tendo assim evitado a vigilância de seus cortesãos e seus servos, ele se retirou para um lugar deserto situado entre duas montanhas no norte da Grã-Bretanha, onde viveu por quase um ano, escondido dos olhos dos homens. Vendo-se ali finalmente descoberto e temendo ser obrigado a regressar à corte, passou para uma solidão ainda mais remota nas margens do rio Tamar, onde permaneceu vários anos.

De lá ele veio para a ilha de Groix perto da foz do Blavet, onde ficou por algum tempo conhecido apenas pelos pescadores da ilha. Mas o senhor do lugar que foi informado de sua presença mostrou-lhe muito respeito e o fez conhecer ao conde Gralon, senhor suserano da ilha. Este príncipe imediatamente pediu-lhe que fosse vê-lo.

O santo obedeceu e Gralon ficou tão contente e edificado por sua virtude e acima de tudo por sua humildade que quis retirá-lo de sua rocha de Groix, e para engajá-lo ali deu-lhe um terreno admirável por sua localização chamada Anaurot na confluência dos rios Isole e Ellé com mil passos de terreno ao redor e o território da freguesia de Baye. Foi neste local que em Quimperlé (que significa confluência de Ellé) São Gutierno construiu um mosteiro às margens do Laïta. Este mosteiro será arruinado em 868 pelos vikings.


Fonte: Vida de Saint Gurthiern após o cartulário de Sainte-Croix de Quimperlé. Le Men Edition, 1987.


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