top of page

Solenidade da Teofania

Primeiro Domingo após a Epifania



PRÆLEGENDUM (Ml 3,1; 1Cr 19,12; Is. 32,1)

Eis que veio o Senhor dos senhores; em suas mãos, o poder e a realeza.

Ó Deus, concede ao rei a tua justiça, e ao filho do rei os teus juízos.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Como era no princípio, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.



EVANGELHO de Jesus Cristo, segundo São Mateus 3, 13-17

Naquela mesma época Jesus viajou da Galileia para o rio Jordão e foi ao encontro de João Batista, pois queria que ele o batizasse. João, porém, queria impedi-lo, pois dizia:

— Eu é que devo ser batizado por você e é você que vem a mim pedindo que eu o batize?

Jesus, entretanto, respondeu:

— Deixe as coisas como estão por agora. Devemos fazer tudo o que é exigido por Deus. Então, depois de ouvir isto, João concordou em batizar Jesus.

Jesus foi batizado e, assim que se levantou da água, viu o céu se abrir e o Espírito de Deus descer sobre ele como uma pomba. E uma voz vinda do céu disse:

— Este é o meu Filho querido. Ele me dá muita alegria!

Te louvamos, Senhor.



REFLEXÕES


"Hoje, Senhor, te manifestaste ao universo, e tua luz brilhou sobre nós; reconhecendo-te, a ti cantamos: vieste, apareceste, ó luz inacessível!"


Tanto os fiéis de tradição constantinopolitana como os de tradição romana conservaram, para o dia 6 de janeiro, uma festa cristológica muito antiga, a primeira em que se sintetizavam todos os mistérios do Senhor ao manifestar-se ao mundo. Mas quando no século IV, a data do nascimento do Senhor foi colocada no dia 25 de dezembro, por iniciativa romana, o conteúdo da festa do 6 de janeiro se diversificou. Para os católicos romanos e ortodoxos ocidentais, o dia 6 de janeiro é o dia da Epifania, a manifestação de Cristo "luz das nações" considerada a partir da vinda dos Reis Magos em Belém. Esse evento, para os cristãos bizantinos, está incluído na comemoração global do dia 25 de dezembro. Ao passo que no dia 8 de janeiro eles celebram a "Santa Teofania" do Deus que se encarnou (assim como na Igreja Ortodoxa da Gália). É a segunda manifestação do Salvador, no início de sua vida pública, por ocasião do seu batismo no rio Jordão, que se deu num contexto trinitário, em que Deus Pai fez ouvir sua voz e o Espírito Santo apareceu em forma de pombo.


Era um dia em que os catecúmenos recebiam solenemente o batismo, como na Páscoa. Os textos litúrgicos da festa da Teofania resumem bem os mistérios fundamentais da fé cristã: encarnação do Verbo, com muitas alusões ao nascimento, e a unidade de Deus na Trindade, a santificação da criação, conforme vemos na oração para o Beijo da Paz:


Senhor Jesus,

mergulhas nas águas do Jordão

para lavar todas as nações e santificar toda a criação,

visita a tua Igreja e concede a paz também àqueles que não sabem como desejá-la,

para que o beijo de nossos lábios seja também o beijo de nossos corações.

(Oração para o Beijo da Paz, cf. a Divina Liturgia Galicana)


A manifestação, a "teofania", ocorreu nas águas do Jordão na hora em que Cristo foi batizado; é o que confirma também o ícone da festa, no qual vemos Cristo Jesus, despido das vestes habituais, imerso na água. À sua direita vemos João Batista, humildemente curvado, que por obediência lhe dá o batismo.


Do lado oposto estão uns anjos, atônitos, considerando o admirável evento. Suas mãos estão encobertas pelas extremidades dos mantos, sinal de respeito habitual, nesse caso também sinal de disponibilidade em servi-lo quando sair das águas. No alto do ícone, além do nome "Teofania do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo", notamos um semicírculo que indica os céus abertos e do qual desce um raio que, após a figura da pomba, torna-se tríplice, clara alusão à Trindade. No nimbo cruciforme do Cristo notam-se as três letras gregas significando "Aquele que é".



Voltemos aos textos litúrgicos nos quais encontramos a explicação da festa. Num dos textos das Vésperas, São João Damasceno (†749) afirma:


Querendo salvar o homem perdido, Senhor Deus,

não desdenhaste assumir a forma de um escravo,

pois a ti convinha assumir a nossa natureza em nosso favor.

De fato, enquanto eras batizado na carne, ó Libertador,

nos tornavas dignos do perdão.

A ti clamamos, pois:

Benfeitor, Cristo nosso Deus! Glória a ti!


São Cosme de Maiúma (†760), no Cânon Matutino explica:


"O Senhor que tira a impureza dos homens, purificando-se por eles no Jordão, fez-se voluntariamente semelhante a eles, permanecendo contudo o que era; e ilumina os que estão nas trevas, porque recobriu-se de glória".


E evoca o ensinamento profético:


"Isaías proclama: Lavai-vos, purificai-vos, despojai-vos da vossa malícia perante o Senhor; vós que tendes sede aproximai-vos da água viva. Cristo de fato vos asperge com a água renovando os que se aproximam com fé, e batiza no Espírito para a vida eterna".


Por fim, nas Laudes, assim se expressa o Patriarca Germano (†733):


Luz da luz, Cristo nosso Deus,

resplandece ao mundo;

Deus se manifesta, povos, adoremo-lo.


Ao ser batizado no Jordão, Salvador nosso,

santificaste as águas,

aceitando a imposição das mãos de um servo,

e sanaste as paixões do mundo.

Grande é o mistério da tua economia!

Senhor, amigo dos homens, glória a ti.


A verdadeira luz apareceu e a todos ilumina.

Cristo, superior a toda pureza, é batizado conosco;

infunde a santidade

na água que se torna purificação para as nossas almas.

Tudo o que vemos é terrestre,

tudo o que contemplamos é mais sublime que os céus.

Mediante a ablução vem a salvação,

mediante a água vem o Espírito,

mediante a descida na água vem a nossa subida a Deus.

Admiráveis são tuas obras, Senhor! Glória a ti!


Uma cerimônia muito antiga, a bênção da água, caracteriza a festa da Teofania. Após o ofício das Vésperas, ou depois da Liturgia eucarística, celebrantes e fiéis dirigem-se a um curso de água, uma fonte, ou então a uma bacia de água colocada no meio da igreja, enquanto o coro canta:


A voz do Senhor ecoa sobre as águas dizendo:

Vinde, recebei todos do Cristo que se manifestou:

o Espírito de sabedoria, o Espírito de inteligência,

o Espírito do temor de Deus.


Seguem as leituras bíblicas, uma longa prece litânica, na qual se pede também para que a água sirva para a "cura da alma e do corpo". O sacerdote acrescenta uma antiga e longa oração e mergulha por três vezes a cruz na água dizendo:


Tu mesmo, Senhor, santifica agora esta água com o teu Santo Espírito.

Concede a todos aqueles que a usam a santificação, a bênção, a purificação e a salvação.


A água é bebida em parte pelo povo e, com ela, o sacerdote asperge os fiéis e suas casas. Aqui não se trata da bênção da água para o batismo, embora se encontrem referências bíblicas comuns.


O tema do Cristo, luz do mundo, que insistentemente aparece nos textos litúrgicos da festa, explica o porquê da denominação «Festa das luzes» dado às vezes a essa solenidade. Nela vibra também um sentido cósmico: «Hoje resplandece toda a criação... as criaturas celestes fazem festa unidas às terrestres...» e o convite se estende até nós, para que possamos «tomar parte na alegria do mundo» redimido e iluminado pelo nosso Senhor Jesus Cristo.


Adaptado de: DONADEO, Madre Maria. O Ano Litúrgico Bizantino, Parte I.



ORAÇÃO

(da Coleta, conforme a Divina Liturgia Galicana)


Senhor nosso Deus, Tu manifestas Teu poder hoje por sinais e milagres: Tu revelaste aos Magos por uma estrela que Teu Filho, nascido de uma virgem, é o Rei redentor que prometeste; por seu batismo no Jordão, Ele santifica as águas, comunicando-lhes a virtude divina da regeneração, e manifesta sua divindade diante de seus discípulos transformando a água em vinho. Ouça nesta santa solenidade as orações de seus servos: iluminados pela tua glória, faze-nos morrer para as coisas terrenas e viver em teu Cristo, o Salvador do mundo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.


 

SANTOS do dia

Santa Gudula, Virgem, padroeira de Bruxelas (+712)

Filha do conde Witteric, ela queria permanecer solteira para dedicar sua vida aos pobres. Nunca a igreja de Ham na Bélgica tinha visto tantos alforjes dos pobres e muletas dos enfermos como em sua missa fúnebre, quando foram operados milagres. Suas relíquias foram trazidas para Bruxelas e a cidade a tomou como padroeira a partir de então.

Fonte: Nominis.


São Luciano, mártir em Beauvaisis (+290)

Acredita-se que ele foi um dos sacerdotes romanos que vieram evangelizar a Gália no início do século III e que deram a vida por Cristo. São Luciano evangelizou a região de Beauvais. "Santo Luciano é honrado como apóstolo de Beauvaisis. Depois de ter chamado muitos habitantes desta região à fé e ao batismo, uma perseguição se seguiu; ele foi preso e decapitado. Sua Paixão acrescentou dois discípulos, Maxien (Maximien) e Julien, martirizado com ele na colina de Montmille (final do século III)."


São Severino de Norique, Abade na Áustria (+ 482)

Protetor da Áustria e da Baviera. Monge desconhecido, provavelmente da Ásia Menor após as invasões de Átila. Fundou em 454 um mosteiro em Passau na Alemanha e, de lá, evangelizou todas essas regiões. Defendeu os pobres contra os reis bárbaros mesquinhos e soube fazer com que romanos e bárbaros convivessem em harmonia. Ele levou uma vida ascética que impressionou seu discípulo e biógrafo, Eugípio. Ele instilou em todos os seus convertidos a moral cristã.

Fonte: Ortodoxievco.


São Félix em um vitral na igreja de Saint-Guénolé em Batz-sur-Mer (Loire-Atlantique).

São Félix, bispo de Nantes (+ 582)

São Félix é uma das grandes figuras do episcopado galo-romano. Segundo a tradição, sua família, originária da Aquitânia, incluía prefeitos e cônsules pretorianos. Felix herdou sua paixão pelo bem público, bem como sua fortuna.

Eleito bispo de Nantes em 549, afirmou-se desde o início como defensor da cidade. Ele não apenas cuidou do bem-estar de seu povo, realizando várias obras de utilidade pública no Loire e alimentando os pobres com seu dinheiro, mas também manteve os bandos armados francos e bretões à distância da cidade, que perpetuamente rondando. Em várias ocasiões, interveio como mediador entre os beligerantes. Foi sob o seu episcopado que floresceu a santidade de Frei de Besné e a de Martinho em Vertou .

A atividade de Félix não se limitou à sua diocese. Os anais da época registraram a participação que ele desempenhou nos vários concílios então realizados: concílio de Tours em 567, concílio de Paris em 573. Ele mantinha relações amistosas com Fortunato, bispo de Poitiers; as relações eram menos boas com seu metropolita Gregório de Tours , que talvez tenha se ofendido com a forte personalidade de seu sufragâneo.

Mas a obra mais notável de São Félix foi a conclusão e dedicação de sua catedral (30 de setembro por volta de 567). Fortunato celebrou em um poema este templo que foi um dos mais belos edifícios da Gália merovíngia. A basílica, admiravelmente decorada com mosaicos, resplandecentes de luz, foi um presente pessoal de Félix à Igreja de Nantes, oferecido como dote à Igreja com quem se casou.

O bispo Félix morreu em 6 de janeiro de 582. A lista episcopal do século XII lhe dá o título de santo. Sua festa é celebrada em 8 de janeiro de 1269.

Fonte: Nominis.


30 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page